ADMINISTRAR OU NÃO ADMINISTRAR, EIS A QUESTÃO...

 

           Como já mencionado no artigo anterior, eu faço superior em administração, pois desde os meus 14 anos eu pensava em seguir a área, trabalhar num escritório e lidar com documentos e processos. Porém na realidade nada é assim tão fácil. A administração, atualmente, sofre com alguns problemas, sendo eles: a falta de reconhecimento, salário baixo, sobrecarga de funções e dificuldade de seguir em uma área específica.

        A falta de reconhecimento gera inúmeros problemas, um exemplo é o salário baixo. A maioria das vagas na área administrativa são voltadas para quem tem apenas o ensino médio, isso acontece devido a indicação, resultando numa maior dificuldade de formandos encontrarem uma vaga na área. As empresas que oferecem vaga para estágio  administrativo optam por ofertar salários baixos, entre R$500,00 a R$1.300,00, com carga horária de 4 ou 8 horas por dia, sem contar que a maioria não oferece plano de carreira e preferem manter o estagiário pelo prazo de dois anos do contrato de estágio. Essa situação torna desfavorável o ingresso dos formandos e formados na área, já que eles preferem optar por um cargo diferente para ganhar mais, como auxiliar de produção ou vendedor. 

        Além disso, as funções tendem a ser inúmeras, ultrapassando o limite estabelecido na descrição de cargo, causando uma grande sobrecarga e desmotivação se somado com uma cultura organizacional que não aplica o plano de carreira. As áreas que um administrador pode seguir são inúmeras, como Marketing, Finanças, Recursos Humanos, etc, o problema está na falta de especialização em alguma dessas áreas, portanto a dificuldade de seguir uma área é muito difícil pelo fato do administrador não ter uma especialização. O que não acontece na área de Marketing por exemplo, tal que não é um curso genérico como adm, e os formados em marketing conseguem vagas e atividades totalmente pertinentes a área. 

         Não vejo este fato de maneira positiva, justamente porque as empresas preferem contratar formandos em tecnólogos para uma área específica ao invés de um formando em administração, lembrando que isso acontece em minha cidade, no interior de São Paulo e com aproximadamente 208.008mil habitantes. 

       A princípio, eu escolhi a administração por gostar da grade, das teorias, as áreas que engloba, mas infelizmente eu não sabia desses empecilhos do mercado de trabalho em relação a adm. Portanto fiz a transferência de curso de adm para Ciências Contábeis, após descobrir um grande amor pela área tributária, além disso, não é uma profissão genérica e está super aquecida. Pensei bastante antes de tomar essa decisão, pois envolve uma mudança de estilo, grade curricular e futuro profissional. 

         Eu costumava julgar bastante pessoas que trocam de curso por não terem certeza, mas depois dessa experiência eu mudei meu pensamento. Tenho muitos amigos que também mudaram de curso praticamente no último semestre. Logo, se você tem o desejo de mudar de curso por qualquer motivo que julgue necessário, mude, pois é sua felicidade e realização que estão em jogo. 

  

          

         

 

 

 

A UTILIZAÇÃO DO Q.I (QUEM INDICA)  PARA CONQUISTAR A VAGA

 

      Evidentemente, o termo "Q.I" utilizado nesse artigo é usado de forma pejorativa. O Q.I significa (Quem Indica), fazendo uma referência ao Q.I (Quociente de Inteligência) que algumas empresas dizem utilizar como método de seleção de pessoal. Eu tenho 20 anos, tenho o curso de técnico em administração e estou cursando bacharelado em administração num centro universitário católico, acredito que tenho o mínimo de qualificação para ocupar cargos administrativos, até mesmo como auxiliar ou assistente. Moro numa cidade no interior de São Paulo, onde as empresas praticam a indicação como principal forma de selecionar o futuro colaborador.

      É um tipo de jogo preestabelecido, onde elas divulgam as vagas por canais digitais ou físicos, para você enviar um e-mail ou se cadastrar num site e nunca entram em contato. Basicamente você participa de uma entrevista junto com a pessoa que foi indicada, e a possibilidade de você conseguir a vaga é quase zero, pois a empresa só faz a divulgação da vaga para pode dizer que fez um "processo seletivo".

    Mesmo que eu ainda não seja formada, conheço muitas pessoas que são, porém vivem a mesma situação no mercado de trabalho. Hoje em dia o que importa é o seu círculo de amizade. É possível visualizar publicações no LinkedIn referentes a estes casos e algumas pessoas colocam "mas por isso mesmo que devemos aumentar nosso networking", "ser indicado por amizade te faz conquistar a vaga, mas só seu esforço pode te manter lá". Ou seja, é completamente evidente a normalização das indicações como maneira de ser contratado. Este fato frustra, irrita, te faz ter vontade de jogar seu diploma no lixo, trancar seu curso e abrir uma pequena lanchonete. É uma opção, mas ainda sim, acredito que um dia, em alguma empresa, alguém irá reconhecer minha qualificação.

     Segundo um artigo publicado no site da Exame, em 2015, o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de países em que contratações são feitas por indicação. Ou seja, já é de se esperar que o mercado seja extremamente concorrido, e o ambiente nas empresas sejam um verdadeiro mar de falsidade. Eu, particularmente, não consigo me relacionar por interesse, não sei fingir simpatia ou puxar o saco de alguém para conseguir chegar aonde eu quero. Alguns amigos me dizem que eu preciso aumentar meu networking, e eu concordo, porém eu quero construir uma rede baseada em amizade real e confiança, pois as pessoas que se relacionam por interesse podem se derrubar a qualquer momento para ocupar uma o lugar da outra. 

     Sou conhecida por ter sonhos utópicos, mas espero que o sonho de "Ser reconhecida pela minha qualificação e capacitação para ocupar um cargo na minha área" realmente possa acontecer na realidade. Deixo a dica: não faça cursos ou outras coisas porque o mercado exige, faça por amor e para você se sentir bem e feliz com isso, pois você será reconhecido (a) um dia.

Fontes:

Experiência Própria

PATI. Camila. Os países em que QI (quem indica) mais funciona na carreira. Exame, 2015. Disponível em: <https://exame.com/carreira/os-paises-em-que-o-qi-quem-indica-mais-funciona/>. Acesso em: 22/06/2022